sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Contra os princípios?

 A notícia é de 2012, mas o debate é atual, a matéria foi publicada no site, ACritica.com (Link no final da postagem), ela fala sobre um grupo de alunos evangélicos que se negaram a fazer um projeto sobre cultura Afro-Brasileira, ou seja, Candomblé, popularmente – Lê-se erroneamente – conhecida como macumba, enfim não vou entrar na etimologia desta palavra, pois isso não é de suma importância.
                Para mim isso prova o quão nocivas certas coisas são para as crianças, por exemplo, um discurso preconceituoso que as vezes é feito em uma igreja, que aos poucos cria na criança uma ideia que não condiz com o real, a ideia que as regras que “eu como um cristão devo seguir devem se aplicar a tudo e todos”, é esta mania etnocêntrica que exercitada por alguns pastores, que o povo salvo é aqueles que aceitam Jesus no coração, na verdade aqueles que aceitam o Jesus deles, não pode ser o Cristo idealizado pela Igreja Católica Ortodoxa , tão pouco o sexto profeta que Maomé acreditava que Jesus fosse. Logo pode-se ligar esse etnocentrismo ao preconceito, e infelizmente isso ocorre com muito mais frequência que parece.
                Pra mim quando um aluno se nega a fazer um trabalho sobre uma coisa que sua igreja diz ser errada, é o exercício de uma ignorância e falta de desprendimento que pode dar fruto a muitos problemas. Eu estou dando meus primeiros passos como historiador, sou do primeiro período, e um dos pontos mais abordados foi a religiosidade, é preciso desprendimento das suas crenças na sua área profissional, quando você entra em uma sala de aula sua fé não pode interferir de maneira que te prejudique, minha professora de Medieval citou um caso, que em sua aula sobre Islã um aluno se retirou, e quando questionado sobre o motivo da saída pela professora, o aluno respondeu: “Não vou assistir essa aula, por que meu pastor diz que mulçumano é tudo filho do diabo.” Bateu a porta atrás de si e saiu...
Essa imagem preconceituosa dos evangélicos é triste, muitos não são preconceituosos, mas atitudes como essa constroem a imagem de um grupo etnocêntrico e intolerante, vide o nosso digníssimo Feliciano um abraço de um negro Kardecista pra você. Um outro problema é a falta de questionamento, isso em toda a juventude em geral, é uma geração sem ideologia e facilmente manipulável, pois surgem situações como a da minha professora de Medieval, um aluno que foi moldado e se tornou uma pessoa, na minha opinião ignorante.
Um grande amigo meu me contou um caso, que um grupo de sua turma teria que defender um tema que ia contra a sua fé. No dia entrega do trabalho o grupo se negou a apresentar o trabalho, a nível de curiosidade não eram evangélicos. Numa sala de aula é preciso ter certo desprendimento das suas crenças, me utilizo como exemplo, sou uma pessoa religiosa, e detesto quando desmerecem uma religião, qualquer que seja, para mim se a ela tem como pilar o respeito ao próximo e o amor, merece ser respeitada. Tive que fazer um trabalho sobre um livro chamado “Maomé e a Ascenção do Islã” no qual o autor parece afirmar que Maomé não era bem um profeta, e que em vez de receber revelações, sofria de ataques epilépticos. O autor declara isso no inicio do livro, a partir dai torci meu nariz, mas havia um trabalho a ser feito, e como esperava um dos meus companheiros de grupo vou chama-lo de Kiss também sentiu certa repulsa neste ponto, mas tínhamos que fazer o trabalho, e também a tese do autor que Maomé não era um Profeta, não era nossa opinião, logo ao começarmos o trabalho a primeira frase foi, “De acordo com o autor,...”.
Sabe, é muito triste ver de todos os lados uma visão superficial sobre a fé/cultura do outro, conheço uma pessoa que disse “macumba é errado” perguntei o motivo ela respondeu, que na bíblia diz que é errado, contra-argumentei dizendo, “mas existem outros livros sagrados, acho errado você dizer que tudo que não faz parte da sua concepção de fé errado.”
Como já diria um cara muito inteligente: “Já fui Católico, Budista, Protestante/Tenho livros na estante/Todos tem explicação.”
Eu diria que voltamos aos dias do etnocentrismo, mas ele sempre esteve ai, o preconceito só gera mais preconceito, você que diz que o seu caminho é o certo tem alguém falando que é o errado, suas convicções não são universais nem nunca serão...
Abaixo deixo o link de uma outra reportagem, que infelizmente não poderei discorrer sobre.


Um comentário: