A notícia é de 2012, mas o debate é atual, a
matéria foi publicada no site, ACritica.com (Link no final da postagem), ela fala
sobre um grupo de alunos evangélicos que se negaram a fazer um projeto sobre
cultura Afro-Brasileira, ou seja, Candomblé, popularmente – Lê-se erroneamente
– conhecida como macumba, enfim não vou entrar na etimologia desta palavra,
pois isso não é de suma importância.
Para
mim isso prova o quão nocivas certas coisas são para as crianças, por exemplo,
um discurso preconceituoso que as vezes é feito em uma igreja, que aos poucos
cria na criança uma ideia que não condiz com o real, a ideia que as regras que
“eu como um cristão devo seguir devem se aplicar a tudo e todos”, é esta mania
etnocêntrica que exercitada por alguns pastores, que o povo salvo é aqueles que
aceitam Jesus no coração, na verdade aqueles que aceitam o Jesus deles, não
pode ser o Cristo idealizado pela Igreja Católica Ortodoxa , tão pouco o sexto
profeta que Maomé acreditava que Jesus fosse. Logo pode-se ligar esse
etnocentrismo ao preconceito, e infelizmente isso ocorre com muito mais
frequência que parece.
Pra
mim quando um aluno se nega a fazer um trabalho sobre uma coisa que sua igreja
diz ser errada, é o exercício de uma ignorância e falta de desprendimento que
pode dar fruto a muitos problemas. Eu estou dando meus primeiros passos como
historiador, sou do primeiro período, e um dos pontos mais abordados foi a
religiosidade, é preciso desprendimento das suas crenças na sua área
profissional, quando você entra em uma sala de aula sua fé não pode interferir
de maneira que te prejudique, minha professora de Medieval citou um caso, que
em sua aula sobre Islã um aluno se retirou, e quando questionado sobre o motivo
da saída pela professora, o aluno respondeu: “Não vou assistir essa aula, por
que meu pastor diz que mulçumano é tudo filho do diabo.” Bateu a porta atrás de
si e saiu...
Essa imagem
preconceituosa dos evangélicos é triste, muitos não são preconceituosos, mas
atitudes como essa constroem a imagem de um grupo etnocêntrico e intolerante,
vide o nosso digníssimo Feliciano um abraço de um negro Kardecista pra você. Um
outro problema é a falta de questionamento, isso em toda a juventude em geral,
é uma geração sem ideologia e facilmente manipulável, pois surgem situações
como a da minha professora de Medieval, um aluno que foi moldado e se tornou
uma pessoa, na minha opinião ignorante.
Um grande
amigo meu me contou um caso, que um grupo de sua turma teria que defender um
tema que ia contra a sua fé. No dia entrega do trabalho o grupo se negou a
apresentar o trabalho, a nível de curiosidade não eram evangélicos. Numa sala
de aula é preciso ter certo desprendimento das suas crenças, me utilizo como
exemplo, sou uma pessoa religiosa, e detesto quando desmerecem uma religião,
qualquer que seja, para mim se a ela tem como pilar o respeito ao próximo e o
amor, merece ser respeitada. Tive que fazer um trabalho sobre um livro chamado
“Maomé e a Ascenção do Islã” no qual o autor parece afirmar que Maomé não era
bem um profeta, e que em vez de receber revelações, sofria de ataques
epilépticos. O autor declara isso no inicio do livro, a partir dai torci meu
nariz, mas havia um trabalho a ser feito, e como esperava um dos meus
companheiros de grupo vou chama-lo de Kiss também sentiu certa repulsa neste
ponto, mas tínhamos que fazer o trabalho, e também a tese do autor que Maomé
não era um Profeta, não era nossa opinião, logo ao começarmos o trabalho a
primeira frase foi, “De acordo com o autor,...”.
Sabe, é muito
triste ver de todos os lados uma visão superficial sobre a fé/cultura do outro,
conheço uma pessoa que disse “macumba é errado” perguntei o motivo ela
respondeu, que na bíblia diz que é errado, contra-argumentei dizendo, “mas
existem outros livros sagrados, acho errado você dizer que tudo que não faz
parte da sua concepção de fé errado.”
Como já diria
um cara muito inteligente: “Já fui Católico, Budista, Protestante/Tenho livros
na estante/Todos tem explicação.”
Eu diria que
voltamos aos dias do etnocentrismo, mas ele sempre esteve ai, o preconceito só
gera mais preconceito, você que diz que o seu caminho é o certo tem alguém
falando que é o errado, suas convicções não são universais nem nunca serão...
Abaixo deixo o
link de uma outra reportagem, que infelizmente não poderei discorrer sobre.